Wednesday, May 20, 2009

SODA ITALIANA

Eram 7 horas da manhã quando Giancarlo acorda com o zelador de seu prédio batendo em seu ombro. “Você está bem, Sr. Salvi?”. Ele, sem entender ainda exatamente o que estava acontecendo, levanta-se do chão. “Acho que sim.” E pensa “O que raios estou fazendo aqui? Como é que eu cheguei aqui?”.

O zelador, Sr. Bruno, sempre muito educado, agindo como se aquilo fosse algo corriqueiro dentro do prédio, disse “Acontece. Minha filha também sofre de sonambulismo.” Afinal, qual outra explicação plausível para que Giancarlo estivesse de pijamas, deitado no chão do prédio da mesma forma que deitou em sua cama?

Ele vai em direção ao elevador, para voltar ao seu apartamento. Lembra-se de uma noite de sono um pouco conturbada, pois sua semana estava sendo cheia de problemas sérios no trabalho. Giancarlo trabalha como Relações Públicas de uma marca de roupas internacional. Com o mundo em crise, muitos dos seus colegas (ele, inclusive) estavam na iminência de perder seus empregos. Qualquer deslize em produtividade significaria a perda de um bom salário.

O elevador para em seu andar. Ele se dirige até a porta de sua casa, ainda achando estranho seu “ato de sonambulismo”, como teria concluído o Sr. Bruno, pois não tinha registro em sua vida de nenhum momento desses. Quando tenta girar a maçaneta da porta de seu apartamento, percebe que a porta está trancada.

Procura, em vão, pela chave no chão do seu andar e no chão do elevador. Volta ao estacionamento para tentar acha-la. Nada. Volta para sua casa e, achando que a porta poderia estar emperrada (em um ato de desespero), tenta forçar a porta para abrir. Ouve o barulho do seu chaveiro na fechadura pelo lado de dentro. Agora a coisa havia ficado estranha. A única forma de ele ter saído de casa, não fosse pela janela, seria pela porta, a qual estava trancada.

“O dia vai ser longo”, pensa ele, já atrasado para ir ao trabalho, descendo até a casa do zelador para chamar um chaveiro.

O dia seria longo também para Cynthia Smith, que acordou com uma tremenda dor de cabeça. Já logo cedo, tomou duas aspirinas e saiu para trabalhar. De mau humor, afinal, além de atrasada para sua aula de Italiano, detestava tomar qualquer tipo de remédio. Detestava mais ainda ficar com dor de cabeça, coisa rara para ela, mas que quando acontecia, a deixava sem a capacidade de raciocínio.

Cynthia havia sido transferida de sua empresa em Houston para Turin, na Itália. Morava num prédio de alto padrão num bairro rico da cidade, e fazia aulas de Italiano para aprimorar a língua, afinal, não sabia em que momento voltaria para os Estados Unidos.

“Bom dia”, ela diz, entrando no elevador, totalmente absorta ao seu redor, quando percebe que ali está um homem, de pijamas, parecendo que havia dormido num carro a noite toda. Ela pensa “Deve ter sido uma briga feia em casa. Pelo menos não teve gritaria”. O homem ao seu lado olha indignado pra ela e diz “Eu nem casado sou. Aparentemente eu sou sonâmbulo”. Ela fica na dúvida se com toda aquela dor de cabeça ela por acaso não pensou alto demais e se desculpa.

Os dois descem até a garagem do prédio, onde ela pega seu carro e sai para seu curso. Chegando lá, já atrasada, pede licença para o professor para entrar e este permite e então ela ouve “Se você não fosse tão gostosa eu não deixava entrar”. Ela olha para os colegas, e todos parecem nem ter percebido o que o professor falou. Se senta e a aula continua sem maiores incidentes.

1 comment:

Babi said...

maisssssss